Dos artesão da Idade Média aos trabalhadores do século 21 que hoje se ressentem do encolhimento dos empregos formais, muita história se passou.
A questão agora é entender como realizar o upgrade do software mental, substituído o antigo DOS do emprego pelo sistema operacional da prestação de serviços. Muitos executivos fizeram essa travessia, em um movimento que, na maioria das vezes, ocorreu mais por falta de opção do que por uma escolha voluntária. Diante de um mercado escasso em empregos, alguns se deram conta das oportunidades como prestadores de serviço e foram adiante, aprendendo na prática – e na marra – como transitar por esses novos caminhos.
No meu cotidiano de atendimento e orientação a executivos em processos de transição, com freqüência encontro profissionais imobilizados diante da perda do emprego e da perspectiva de não conseguir uma recolocação nos moldes tradicionais, com carteira assinada. Presos a um pensamento nostálgico, não se dão conta da necessidade de se posicionar de forma diferente, valorizando não o emprego, que é fugaz, mas a empregabilidade, essa sim passível de vida longa.
Habilidades: Percebo também que falta a um bom número de pessoas um outro tipo de inteligência, a mercadológica. Trata-se da habilidade de perceber oportunidades e desenvolvê-las para, então, vender bens e serviços. Profissionais experientes até conseguem bons avanços nessa empreitada, porém há um ponto crucial que precisa ser vencido: a vergonha e o medo de efetuar o ato de venda, que tem como objeto a própria capacidade de solucionar problema do outro.
É engraçado como não nos damos conta de que, com nossas habilidades e competência, estamos mesmo a serviço das demais pessoas, em condições de resolver questões que, sozinhas, elas não teriam condições de solucionar. Pense em você mesmo como tomador de serviço. Não ficamos felizes quando encontramos alguém que pode nos atender adequadamente? E não é com satisfação que remuneramos o serviço bem feito?
Precisamos combater a miopia que nos cerceia de aproveitar as oportunidades que surgem a partir das necessidades das pessoas e das empresas, que afinal são feitas por e para as pessoas. Como nossos antepassados, temos de reaprender a descobrir necessidades, desenvolver soluções, oferecê-las a quem precisa de forma efetiva o ato da venda e, na contrapartida, garantir a remuneração pelo valor proporcionado ao outro. Mais: a inteligência mercadológica inclui o monitoramento da satisfação do cliente, em um processo que resulta na formação de uma freguesia fiel, caldo para uma relação contínua de troca e de indicações. Criam-se, assim, as bases de forma sustentável, em um processo de segurança que nunca encontrou paralelo no mundo do vínculo empregatício convencional.
A inteligência mercadológica é uma jornada. A boa notícia está no fato de consistir em um atributo passível de ser trabalhado e desenvolvido. Envolve vários aspectos, como marca, reputação, relacionamento, olhar mercadológico. Requer estudo e dedicação, prática e persistência. Convido você, a saber, mais a respeito do tema no livro que acabo de lançar.
É uma obra que reúne estudo e experiência prática, orientações, cases e exemplos – uma contribuição que ofereço àqueles que não querem perder oportunidades que nem todos se dispõem a enxergar.
* José Augusto Minarelli – É presidente da Lens & Minarelli, consultoria em outplacement e aconselhamento de carreira.