A famosa festa, realizada bem antes do nascimento da Igreja Católica, passou por várias transformações e se adaptou à cultura brasileira.
Nem só de ziriguidum e telecoteco foi feito o Carnaval durante os séculos de história. A festa mais popular no Brasil, na verdade, teve início há milhares de anos na Antiguidade. Mas se não tinha samba e nem mulatas na avenida, a folia sempre estava presente entre hebreus, romanos e gregos.
Eram grandes festejos pagãos, cheios de comida e bebida, para comemorar colheitas e louvar divindades e ocorriam entre novembro e dezembro.
Eram grandes festejos pagãos, cheios de comida e bebida, para comemorar colheitas e louvar divindades e ocorriam entre novembro e dezembro.
Deixa Falar: a primeira escola de samba do Brasil. |
Na Idade Média, a Igreja decidiu incorporar as antigas festividades ao seu calendário. O Carnaval então passou a corresponder aos últimos dias antes das limitações impostas pela Quaresma (os famosos 40 dias sem carne até a Páscoa). Era a última chance de ter o prazer de um suculento bife antes das privações até a Sexta-feira Santa. A festa foi se desenvolvendo e, no século 13, começaram a surgir os bailes de máscara, principalmente na Itália. Eram as primeiras fantasias de Carnaval, totalmente restritas à nobreza.
A partir do século 19, as máscaras e fantasias se popularizaram e fizeram parte das festas por toda a Europa. Os personagens que mais davam o que falar eram o Pierrô, o Arlequim e a Colombina (da commedia dell’arte italiana), presentes ainda hoje na festa popular.
E no Brasil?
Chiquinha Gonzaga. Precursora da canção carnavalesca |
Mas nada de samba surgir ainda. "Nesta época, cantava-se de tudo no Carnaval. Até Ópera", afirma o historiador André Diniz, autor do livroAlmanaque do Carnaval. "A primeira marchinha foi feita em 1899, por Chiquinha Gonzaga, para o cordão carnavalesco Rosa de Ouro: Ó abre alas. Depois da gravação do samba Pelo Telefone, de Donga e Mauro de Almeida, em 1917, este gênero começa a ganhar espaço no carnaval carioca."
Ismael Silva foi Fundador da Primeira Escola de Samba do Rio de Janeiro, a “Deixa Falar”, em Estácio de Sá.
Ismael Silva. Fundador da Primeira Escola de Samba do Rio de Janeiro, a “Deixa Falar”, em Estácio de Sá
|
Foliões do início do século XX |
"O estado passou a organizar o Carnaval, dando licença para os desfiles e investindo nas escolas de samba. Getúlio pegou a onda da consolidação do samba, aproximando sua política de construção do Estado Nacional das manifestações populares", explica Diniz. Daí para o samba e o Carnaval crescerem, ganharem um sambódromo e se tornarem identidades nacionais foi um pulo (de folia).
Nenhum comentário:
Postar um comentário